O QUE É BIOADESTRAMENTO?
" O Bioadestramento se ocupa de todo e qualquer aspecto da biologia canina, afim não somente de facilitar o relacionamento entre cão e tutor humano, mas, principalmente, de proporcionar uma vida digna aos nossos leais mascotes caninos."
Definição:
O bioadestramento transcende a mera aplicação de técnicas de reforço e punição para o condicionamento do comportamento canino ao ensinar comandos como senta, deita, junto, que são tão importantes para facilitar o manejo diário do cão. Está atento a todas modificações físicas, psicológicas e até glandulares, do desenvolvimento do animal cão; visita o modo de vida do ancestral selvagem (o lobo); preocupa-se com a forma com que os tutores humanos se relacionam e fornecem informações ao cão na convivência diária. Ou seja, o bioadestramento se ocupa de todo e qualquer aspecto da biologia canina, afim não somente de facilitar o relacionamento entre cão e tutor humano, mas, principalmente, de proporcionar uma vida digna aos nossos leais mascotes caninos, com todas as suas necessidades naturais satisfeitas, totalmente felizes e plenos na sua condição, não só de fiéis companhias de seres humanos dedicados, mas também na condição de animais da subespécie Canis lupus familiaris, herdeiros diretos de um dos predadores mais formidáveis que já andaram sobre a Terra, o lobo.
Bases científicas:
Baseado em estudos de genética, Wayne considerou que o cão, apesar da diversidade em tamanho e proporções, nada mais é do que um lobo. Apesar de certos pesquisadores continuarem a reconhecer duas espécies distintas, existe uma tendência recente em seguir a classificação proposta por Wozencraft (1993; 2005) que inclui o cão doméstico (Canis familiaris) como uma subespécie do lobo selvagem (Canis lupus). Sendo assim, o cão doméstico passa a ser chamado cientificamente de Canis lupus familiaris.
Dessa forma, apesar das óbvias diferenças que os cães têm em relação aos lobos, não se pode fechar os olhos às suas semelhanças.
Além das similaridades físicas, estes dois possuem as comportamentais e de povoamento. Por exemplo: suas caudas compridas são usadas para comunicação quando precisam mostrar obediência diante do dominante, capturam suas presas pelo cansaço e persistência e o modo como se alimentam também é semelhante.
O lobo obtém a maior parte de sua comida caçando em grupo e atacando presas de grande porte. A competição entre os membros da alcateia faz com que comam muito rápido e em grande quantidade. A vida doméstica do cão, com fartura de alimento todos os dias, minimiza essa característica em muitos indivíduos, mas, quem não conhece um cão glutão, que defende o alimento da aproximação de outros cães e até de pessoas? Cães alimentados em grupo podem apresentar as relações de dominação dos lobos e, como resultado, os dominantes obtêm a maior parte do alimento e os subordinados ficam com menos.
Comunicativamente, além das comuns características básicas de uso de gestos, posturas corporais e odores, estas duas subespécies apresentam uma diferença marcante: enquanto os lobos amadurecem suas formas de comunicação conforme atingem a idade adulta, certas raças caninas mantêm a forma que aprenderam enquanto filhotes. Em pesquisa realizada entre quinze raças caninas e lobos, o descendente direto, husky siberiano, foi o único a confirmar igualdade nos meios de comunicação, marcando quinze pontos em quinze avaliações. Apesar de pontuarem menos, outras raças ainda assim são capazes de demonstrar semelhanças, já que superaram os 50% de equivalência entre seus meios de comunicação mesmo com a interferência humana direta, que sempre busca as características que melhor lhe favoreçam, em detrimento dos instintos animais.
Além de aspectos físicos e comportamentais, cães e lobos também dividem semelhanças hormonais e reprodutivas. Com a diferença de que as lobas passam por apenas um período de cio ao ano, enquanto que as cadelas passam por dois, em média. Tais impulsos motivam uma série de comportamentos que afetam diretamente o relacionamento com seus pares e seus tutores humanos.
Dessa forma, o bioadestramento considera que o estudo de todos os aspectos da vida do ancestral lupino (psicologia, processos hierárquicos, relações hormonais, reprodução, etc.) fornece bases importantes para a boa compreensão da subespécie doméstica, o cão, facilitando a convivência e o bom relacionamento com nossos mascotes.